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Uso prejudicial de agrotóxicos foi debatido na Alerj

Por Audryn Karolyne

 

Cerca de 1,3 mil toneladas de agrotóxicos foram comercializadas no Estado do Rio em 2017. Deste total, 560 toneladas seriam de glifosato, produto utilizado para o controle de ervas no campo. As afirmações foram feitas pelo coordenador de controle de agrotóxicosda Secretaria de Estado de Agricultura, Leonardo Vicente da Silva, durante audiência pública realizada pelas frentes parlamentares ambientalistas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (10/09), no Palácio Tiradentes. 
 
De acordo com Leonardo, o corte completo de substâncias como glifosato e outros agrotóxicos que contenham determinados processos ativos, proposto pela Lei 1.931/13, poderia ser extremamente prejudicial à indústria fluminense, gerando até mesmo o tráfico ilegal desses componentes. Ele também acredita que o produto é seguro. “Os estudos que chegam até a gente através da União Europeia e das principais revistas científicas nos dizem que o glifosato tem um grau de segurança que torna possível sua administração”, explicou. 
 
O deputado federal Alessandro Molon (PSB) apresentou uma opinião contrária a esse discurso. Segundo ele, existem pesquisas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) que demonstram que o glifosato é um dos causadores dos cânceres de próstata e mama, dois dos tumores que mais atingem a população brasileira. “É um tema decisivo. Trata-se de uma luta em defesa da vida”, afirmou.  
 
O parlamentar também se posicionou contra o projeto de lei federal 6.299/02, que flexibiliza o uso dessas substâncias no país e exclui a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do processo de registro dos agrotóxicos. O projeto também foi debatido na audiência. 
 
O coordenador da Comissão do Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Abilio Tozini, afirmou que a instituição se posiciona contra o projeto de lei federal. “Essas substâncias se concentram em especial no fígado e em uma camada que envolve os neurônios humanos. Por isso, elas precisam ser testadas. Muitas atingem o sistema neurológico e podem causar o desenvolvimento de tumores cancerígenos em alguns órgãos”, explicou. 
 
Em relação ao glifosato, o deputado Carlos Minc (PSB), presidente da Frente da Alerj, defendeu a substituição em um prazo pré-determinado. “O produto é criticado em vários países, então não há acordo sobre isso. A solução vai ser encontrar um prazo para ele ser substituído”, afirmou. Das outras sugestões apresentadas, o parlamentar acatou não só a retirada de outras substâncias presentes no texto da lei, como também o estabelecimento de um tempo para a indústria procurar opções para esses químicos. 
 
Alternativas viáveis e agricultura urbana 


Segundo o diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Jorge Antônio da Silva, a busca por alternativas aos agrotóxicos é comprometida pelo sucateamento das instituições de pesquisa. “Essa questão engloba a pesquisa, a extensão rural e a transferência de tecnologia para o agricultor. Toda essa cadeia foi prejudicada”, afirmou.
 
Também foi debatido o projeto de lei 2.381/17, que cria a Política Estadual de Apoio à Agricultura Urbana. Diante da questão do uso de agrotóxicos em larga escala, o coordenador do Crea se posicionou a favor da agricultura familiar. “Agricultura familiar sem veneno, a favor da vida e contra a morte”, ressaltou Abilio.

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