Saudações Eco-Socialistas e Libertárias
04 de março de 2018
Amigos (as), companheiras(os), parceiros(as), escrevo para informar e explicar a todos a minha decisão de filiação no PSB. Estava há 2 anos independente, e fui convidado por Molon e outros companheiros.
Antes de tudo, esclareço que o PSB NÃO apoiará Alckmin – decisão do Congresso Nacional (sábado 3/3); que o Romário saiu há 1 ano e está no Podemos; que o Bornhausen e outros 6 deputados direitistas foram afastados, e se filiaram no DEM; que com Molon, Marlos e Julianelli integraremos a direção do PSB/RJ; que o PSB não está envolvido em denúncias de corrupção; que um dos nossos objetivos é fortalecer uma frente de esquerda e centro esquerda no Rio de Janeiro e no Brasil; que lamentamos as posições equivocadas do PSB quanto ao impeachment e ao apoio a Aécio no 2º turno; e que apoiamos o esforço de seus deputados, senadores e governadores de voltarem ao leito progressista, tão importante nestes tempos de ofensiva obscurantista e reacionária.
As razões da minha saída do PT, depois de 27 anos de militância, expliquei amplamente em carta pública que escrevi há 2 anos; não cabe repeti-las. Relato minha luta com Tarso Genro e os companheiros da Mensagem, por 8 anos, para refundar o partido, fazer autocrítica, corrigir desvios éticos, econômicos, políticos, alianças equivocadas. O que não aconteceu, infelizmente, e foi responsável pelo declínio do PT, que foi abandonado por grande parte do eleitor de opinião (não só). Me orgulho do que fizemos no Ministério do Meio Ambiente, no governo Lula: reduzimos à metade o desmatamento da Amazônia, e o Brasil foi o 1o. país em desenvolvimento a ter metas de redução de emissões de CO2. Entendo que o parlamentar deva ser fiel ao partido, e sobretudo a seus eleitores, a quem representa, a seus sonhos e ideais.
Eu já havia informado aos meus companheiros (as) da equipe do mandato, à minha família, aos meus amigos que não mais me candidataria, depois de tantos mandatos, sem nunca ter perdido uma eleição. Ninguém é insubstituível. Eu, felizmente, não preciso disso para sobreviver. Sou professor concursado da UFRJ (licenciado sem vencimentos); meu saudoso pai Luiz me deixou uma situação confortável. Tenho saudades das primeiras campanhas, com festas onde tocaram (na amizade) Cazuza, Evandro Mesquita, Lenine, Luiz Melodia, Léo Jaime, Léo Gandelmam e Paulinho da Viola. Onde as pessoas vendiam broches de borboleta e estrelinha para financiar a campanha. Agora você tem que provar que não é bandido! Passei por Ministério, governos, parlamento – e não sou sequer CITADO em um único inquérito. Corrijo: na peça inicial do MP Federal que pediu a prisão de Picciani e da cúpula corrupta da ALERJ, sou citado 3 vezes: por denúncias fundamentadas que fiz, em 1992, 1997 e 2005, sobre a corrupção do lobby da FETRANSPOR na ALERJ! E foi justamente esta votação importante – em que eu, obviamente, fui um dos 19 deputados que votamos para validar a decisão da Justiça Federal pela manutenção das prisões – e sua imensa repercussão – que mudaram minha posição quanto à não mais me recandidatar. Os deputados que votaram pela soltura foram massacrados nas redes, tiveram carreatas na porta de casa, não avaliaram a repulsa profunda da população. E conosco sucedeu o contrário: milhares de pessoas, nas redes e nas ruas, saudavam a posição, e diziam: que bom termos em quem confiar – quem não tem o rabo preso não pode largar a luta agora no meio deste caos econômico, político, moral.
Eu não havia me preparado para mais uma campanha: não tinha partido, recursos ou apoio de vereadores. No entanto, nestes 3 anos, mesmo decidido a não concorrer, tocamos o mandato com a garra e a energia de sempre: aprovamos leis como a Eleição Direta de diretores das escolas, contra a homofobia, pró-sistema cicloviário, pró-energia solar e eólica, pró-catadores, saúde do trabalhador, mulheres, contra a intolerância religiosa. Realizamos dezenas de audiências públicas e de ações da campanha do CUMPRA-SE!
Fui convidado por vários partidos. Estive em dezembro, chamado por Chico D´Angelo, na filiação de Rodrigo Neves ao PDT, com a presença do combativo Ciro Gomes. Fui festejado como signatário da Carta de Lisboa, no exílio, em 1978, com Brizola, Darcy Ribeiro e Betinho. Seria boa opção, pela prioridade à Educação e um retorno à minha história.
Acabei decidindo pelo PSB, depois de ouvir centenas de companheiros (as), e aceitar convite do amigo e parceiro Molon, do senador Capiberibe (AP) – meu companheiro de exílio –, da senadora Lídice da Mata (BA) e de outros éticos e valorosos parlamentares. Pesou o desafio de ajudar a reposicionar o PSB no campo da centro esquerda, sem envolvimento com a Lava Jato, e a cimentar uma frente de esquerda e de centro esquerda, tanto no Rio de Janeiro quanto no Brasil. Uma necessidade urgente em tempos de retrocesso e de resistência. E também de reforçar no PSB a área da ecologia e da sustentabilidade, à qual dediquei boa parte da minha vida, e também das lutas libertárias, contra preconceitos e intolerâncias raciais, sexuais, religiosas.
Daí o título desta carta e minha mensagem: Saudações Eco-Socialistas e Libertárias do Carlos Minc